
Vejam abaixo a reportagem de hoje da Folha de São Paulo.
A crise econômica global, que já levou governos na Europa a adotar medidas protecionistas, pode aumentar a xenofobia no continente, disse o sociólogo Marc Jacquemain.Para o sociólogo, embora seja "complicado tentar prever reações sociológicas", é "bastante provável" que a crise econômica global possa aumentar o racismo. "Todos os ingredientes estão aí", disse.
Jacquemain avaliou ainda que existe uma conexão entre a xenofobia e as medidas protecionistas que os governos estão tomando contra a crise, "embora de contornos ainda imprecisos". "As dificuldades sociais e econômicas estão pressionando muitos chefes de Estado e de governo na Europa a levarem cada vez mais em conta a impressão popular de que a concorrência de fora representa uma ameaça direta aos sistemas domésticos", afirmou.
"Ainda não há sinais objetivos de que isso ocorrerá, mas percebo um risco de alguns países ricos decidirem dar as costas ao mundo. Além de ser uma reação xenófoba, causaria uma grande fragmentação sociológica capaz de minar o projeto de se caminhar rumo à consolidação de uma Europa política", disse.
No último dia 9, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou um plano de ajuda ao setor automobilístico com empréstimos que chegam a 6,5 bilhões de euros (cerca de US$ 8 bilhões) às companhias PSA Peugeot-Citroën, Renault e Renault Trucks. Em contrapartida, as empresas devem se comprometer a não realizar demissões e não fechar fábricas na França. A medida causou reações na Europa, que entendem o anúncio como protecionista. A União Europeia convocou uma reunião para discutir a crise financeira e o que classifica de espírito protecionista.
O primeiro-ministro da República Tcheca, Mirek Topolanek, afirmou que a situação é séria e fica pior em alguns países a cada semana e que a União Europeia precisa responder a isso. Ele se referiu às medidas como "realmente protecionistas" e disse que as declarações de Sarkozy o fizeram agendar uma reunião extraordinária do grupo de 27 países.
O Reino Unido entrou em recessão pela primeira vez desde 1991, depois que a economia do país registrou forte desaceleração nos últimos dois trimestres de 2008, arrastada pela crise financeira global. No quarto trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) britânico registrou uma contração de 1,5% em comparação com o trimestre anterior, período também marcado por um índice negativo.
(Folha de São Paulo, 16/02/2009)